segunda-feira, junho 25, 2007

O poder e suas formas

http://www.saude.inf.br/filosofia/questaodaliberdade.pdf


1. SOBRE AS SOCIEDADES DISCIPLINARES
As relações de poder se enraízam profundamente no nexo social (...). Uma
sociedade ‘sem relações de poder’ só pode ser uma abstração. (...) A
análise, a elaboração, a retomada da questão das relações de poder, e do
‘agonismo’ entre relações de poder e intransitividade da liberdade, é uma
tarefa política incessante (...) inerente a toda existência social.
(FOUCAULT, 1995, pp. 245-246).
Com esta afirmação, Foucault começa a nos oferecer os elementos-chave de sua
interpretação acerca das sociedades modernas. Interpretação que evita qualquer apelo às
grandes categorias filosóficas, para concentrar-se na imanência das ações e práticas
cotidianas em que poder, saber e corpo se cruzam para produzir os sujeitos que somos e as
instituições e redes sociais que nos envolvem. A este formato social, Foucault chamou
Sociedade Disciplinar.
Algumas explicitações conceituais se fazem necessárias para uma compreensão mais
precisa dessa tessitura social que, segundo Foucault (2002), emergiu e se desenvolveu ao
longo dos séculos XVII e XVIII, tendo como efeito a produção do sujeito tal como, ainda
hoje, persiste em muitas formulações no âmbito das ciências humanas e sociais.
Primeiramente, a proposta foucaultiana de formulação de um método – a genealogia3 –
segundo o qual a singularidade dos acontecimentos deve ser buscada nas práticas
cotidianas, nos detalhes, entendendo que as categorias que comumente utilizamos para
balizar tal entendimento são, antes, efeitos emergentes dessas práticas:
O genealogista não pretende descobrir entidades substanciais (sujeitos,
virtudes, forças) nem revelar suas relações com outras entidades deste
tipo. Ele estuda o surgimento de um campo de batalha que define e
esclarece um espaço. Os sujeitos não preexistem para, em seguida,
entrarem em combate ou em harmonia. (...) os sujeitos emergem num
campo de batalha e é somente aí que desempenham seus papéis.
(DREYFUS & RABINOW, 1995, p. 122).
Afirmar que o sujeito é produzido a partir de tais práticas que, por sua vez, expressam um
jogo de rituais de poder circunscrito historicamente, pressupõe, também, um afastamento da
concepção do poder como exclusivamente repressivo ou coercitivo para pensá-lo em sua
produtividade4. Com o conceito de biopoder, Foucault enfatiza a ação dos dispositivos5 de
poder e saber – saber-poder, um par agora indissociável –, exercida primariamente sobre os
corpos, transformando a vida humana e produzindo efeitos simultaneamente objetivantes e
subjetivantes. Diz Foucault:
Temos que deixar de descrever sempre os efeitos de poder em termos
negativos: ele ‘exclui’, ‘reprime’, ‘recalca’, censura’, ‘abstrai’, ‘mascara’,
‘esconde’. Na verdade, o poder produz; ele produz realidade; produz
campos de objetos e rituais da verdade. O indivíduo e o conhecimento que
dele se pode ter se originam nessa produção. (FOUCAULT, 2002, p.161).
Este modo de conceber o poder também permite descrevê-lo como uma rede de
micropoderes, ou seja, disposições, funcionamentos sempre tensos, sempre em atividade,
que não se localizam apenas nas relações do Estado com os cidadãos, mas articulam-se em
engrenagens complexas que recobrem todo o campo social. E ainda, que o ponto de
aplicação mais imediato dessa rede de micropoderes é o corpo que, assim investido,
mergulha no campo político, tornando-se uma força útil e produtiva.
Analisando as práticas, as técnicas de adestramento e a regulamentação das ações do corpo
ao longo dos séculos XVII e XVIII, Foucault identifica dispositivos de biopoder cujo fim
último parece ser justamente a obtenção desta produtividade mediante a maximização
3 Para uma compreensão mais precisa da genelogia, de clara inspiração nietzscheana, ver FOUCAULT, M.
(2000). E também DEYFUS, H. & RABINOW, P. (1995).
4 De acordo com a hipótese repressiva, o poder só pode ser concebido como negatividade, como o que limita,
exercendo-se por oposição à Verdade que, neste caso, assume um papel liberador. A interpretação
foucaultiana possibilita flagrar, aqui, um paradoxo: a hipótese repressiva, ao postular a exterioridade das
relações entre Verdade e Poder, acaba por conferir à Verdade um “poder especial”, que seria exercido à
serviço da clareza (FOUCAULT, 1976)
5 A noção de dispositivo corresponde a uma espécie de rede estratégica que, simultaneamente, constitui as
práticas e permite apreendê-las em sua inteligibilidade. As palavras de Foucault são bastante esclarecedoras:
“(...) entendo dispositivo como um tipo de formação que, em um determinado momento histórico, teve como
função principal responder a uma urgência. O dispositivo tem, portanto, uma função estratégica dominante.”
(FOUCAULT, 1990, p. 244, apud PAIVA, 2000, p. 111).

6 Comments:

At 6:03 PM, Anonymous Anônimo said...

bOm , na miinha OpiiniiãO... esse siite nãO ajUda as pessOas em nd .. pOw .... flw !!!

Tentem melhOrar .......

 
At 10:49 PM, Anonymous Anônimo said...

http://sexergirlz.blog.ru/ http://jududise.yourfreehosting.net http://girlz200.vox.com/
кировские чаты
http://sapxporn.blog.ru/ http://fadexa.1gb.bg http://zacdeg.yourfreehosting.net
дойки сиськи
vrotmnenogi

 
At 8:12 PM, Blogger Miguel Duarte said...

Caro Maruim Cultural

Por estranho que possa parecer, apenas reparei nos vossos gentis comentários de 11-12-2010 no Blog "integralidades.blogspot.com" há poucos minutos!!! Peço muita desculpa por não ter visto os comentários mais cedo! Agradeço com sinceridade as vossa palavras e convido-os a colaborar sempre que pretenderem! Parabéns pela vossa comunidade e iniciativa! Saudações amigáveis, Miguel Duarte (integralidades.blogspot.com)

 
At 9:31 AM, Anonymous Anônimo said...

best for you sZeNFonj [URL=http://www.cheapguccireplica.tumblr.com/]gucci online store[/URL] to take huge discount SsAmjpKE [URL=http://www.cheapguccireplica.tumblr.com/ ] http://www.cheapguccireplica.tumblr.com/ [/URL]

 
At 6:20 AM, Anonymous Anônimo said...

buy a hXcIVjxB [URL=http://www.cheapdesigner--handbags.weebly.com/]knock off designer purses[/URL] for less rUOJJHRg [URL=http://www.cheapdesigner--handbags.weebly.com/ ] http://www.cheapdesigner--handbags.weebly.com/ [/URL]

 
At 12:20 PM, Anonymous Anônimo said...

check this link, avyeFpsP [URL=http://www.cheapdesigner--handbags.weebly.com/]designer knock off purses[/URL] to take huge discount sNECvBHP [URL=http://www.cheapdesigner--handbags.weebly.com/ ] http://www.cheapdesigner--handbags.weebly.com/ [/URL]

 

Postar um comentário

<< Home

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Água Hoje e Sempre: Consumo Sustentável

Os problemas relacionados ao uso, exploração e degradação do meio ambiente fazem parte de uma agenda global de discussões. Há cem anos, quem poderia pensar que estaríamos discutindo os efeitos da poluição dos países mais desenvolvidos do hemisfério norte nas geleiras da Antártida? Como poderíamos pensar que o desmatamento da Amazônia poderia se tornar assunto de rodas de discussão entre habitantes da Suécia ou da Alemanha?
Sem percebermos, a sociedade atual caminhou para um cenário em que as ações ultrapassam fronteiras no tempo e no espaço. A exploração excessiva dos recursos ambientais no século 20 gerou efeitos de grande impacto para a sociedade contemporânea. Na década de 1970, foi o aumento do preço do petróleo que balançou a economia mundial. Nas décadas seguintes, tomamos contato com o buraco na camada de ozônio. No Brasil de hoje, convivemos com a poluição, com a escassez da energia elétrica e da água potável.
Tudo isso fez florescer nossa consciência ecológica, pois a Terra pode ser pensada como um grande organismo, onde tudo se conecta a tudo. Água, ar, minerais, vegetais, animais, seres humanos integram um amplo e mesmo sistema complexo, influenciando-se mutuamente. A interferência do homem nos ecossistemas gerou desastres que logo se mostraram presentes também em outros setores da Terra. O excesso de certos veículos e indústrias modificou nossa atmosfera, nossa hidrosfera e afetou nossa saúde. A extração mineral predatória degradou o solo.
Hoje convivemos com a difícil tarefa de mudar nossa forma de nos relacionar com o meio ambiente, pois vivenciamos as conseqüências de um uso indiscriminado dos recursos naturais a nossa disposição. Teremos de aprender a regular nossas ações não apenas em termos de nossas próprias necessidades, considerando as condições comunitárias e locais, como também refletir sobre as necessidades de todo o planeta. Temos de tornar nosso ambiente sustentável para o presente e para as futuras gerações, para os seres humanos e para os seres vivos.
O ano de 2003 foi declarado o ano internacional da água potável. Essa iniciativa se insere nos esforços de tornar nosso meio ambiente sustentável. “A falta de acesso à água – para beber, para higiene e para a segurança alimentar – causa enormes dificuldades a mais de um bilhão de membros da família humana”, declarou o Secretário-Geral da ONU Kofi Annan no evento do lançamento do Ano Internacional para a Água Potável – 2003, em dezembro de 2002. A água não pode mais ser considerada como um recurso inesgotável. Assim como o petróleo, a água doce disponível para consumo poderá acabar um dia, gerando prejuízos infinitamente maiores.
Os problemas ambientais relacionados à escassez, saneamento ou distribuição e uso de água no Estado de São Paulo sugerem uma necessária conscientização da sociedade para enfrentá-los. Nesta empreitada, uma parte considerável das tarefas é devida aos governos, outra, aos cidadãos. Por meio das políticas públicas e seus parceiros, nos últimos anos, reali-zou-se extenso estudo das microbacias. Os resultados ajudam a esclarecer as disputas travadas pelos municípios em torno da água potável ou das contaminações dos rios e de outros mananciais. E na região metropolitana, um maior risco de desabastecimento não é novidade no ano da água potável. A educação escolar não está alheia a isso tudo e vem introduzindo o tema Água em diferentes propostas e projetos.
Portanto, tendo em vista tanto aspectos globais como locais, é necessário mudar nossa relação com o meio ambiente, em geral, e com a Água, em particular, de forma a viabilizar os cuidados necessários, concretamente, nas ações cotidianas, manifestando o sentimento para com aquilo que garante nossa existência, nossas interações com
o meio ambiente, em sociedade. Esses pontos sensíveis não estão alheios à Escola e sua equipe pedagógica e administrativa. Por isso, várias temáticas ambientais são objeto de trabalho nas escolas, em diferentes planos de trabalho e em distintas formas de gestão escolar.
Nas presentes orientações, o tema “Água Hoje e Sempre: Consumo Sustentável” é tratado dentro de certos recortes temáticos, em propostas voltadas para o ensino médio, o ciclo II ou ciclo I, tendo como finalidades convergentes a formação de atitudes para a redução do consumo e a discussão sobre o uso sustentável da água, em amplo tratamento crítico. Abordando tanto aspectos gerais e globais como os locais e particulares, os estudos são ora mais conexos a determinadas disciplinas das áreas de Ciências da Natureza, ou de Ciências Humanas e suas tecnologias, ora pertencem a um espectro inter e multidisciplinar – como por exemplo, o estudo do conceito chave de sustentabilidade, que por sua complexidade deve ser mencionado e especificamente tratado por diferentes especialidades ao longo da Educacão Básica. A participação da área de Linguagens colabora para ampliar o significado cultural do tema, além de gerar oportunidades de aprendizagem contextualizada de seus conhecimentos próprios.
Também são apontados estudos que dependem de busca de informação no local específico da Escola, de forma que as equipes gestoras possam adaptar as atividades a sua própria realidade. Abrem-se oportunidades para que investigação e ação envolvam a escola e a comunidade como um todo, num projeto educacional específico que comporta possibilidades de duração curta ou média, durante o aproveitamento das propostas pelos professores, ou de longa duração, pela implementação da Agenda 21 da Água na Escola.
Diante do exposto, os objetivos das presentes orientações são: Subsidiar a escola a inserir a temática ambiental no projeto pedagógico, de forma transversal e interdisciplinar, para ampliar e dar continuidade aos projetos bem-sucedidos na escola.
Fornecer documentos informativos aos técnicos e professores para que adquiram novos conhecimentos sobre a questão ambiental, propiciando a autonomia profissional para enfrentar os novos desafios educacionais na sociedade contemporânea.
Auxiliar os professores na realização de atividades investigativas de cunho socioambiental com os alunos, com ações voltadas à transformação de suas realidades, tendo como eixo norteador o desenvolvimento de competências e saberes de suas áreas de conhecimento que integram a Educação Básica.
• Contribuir para a implementação do programa de uso racional de água nas escolas, por meio de sensibilização na formação de técnicos pedagógicos, equipe escolar, alunos e comunidade para que a escola seja um espaço de mobilização dessa comunidade.
Para a realização desses objetivos na Escola, é essencial o trabalho reflexivo e propositivo de sua equipe pedagógica e administrativa, que, com o estudo do material, poderá adequá-lo à sua realidade, às demandas e às características locais. Neste processo, é fundamental garantir a busca dos melhores resultados para sua própria comunidade, na perspectiva de mudanças efetivas em relação ao uso sustentável da água.

sábado, dezembro 23, 2006

Seminário de biodiversidade a partir da matemática virtual : a lógica da diferença.


- O conceito de complexidade de Kolmogorov,Solomonov e G. Chaitin
- A complexidade não computável
- A matemática virtual


As matemáticas virtuais estão fora da complexidade algorítmica e á a partir daí que o Prof. Luiz de Carvalho pretende abordar a biodiversidade indo de encontro às teorias da falta que fundamenta, segundo ele, todas as teorias do gene egoísta e suas várias versões cujos regimes discursivos são rituais de sacrifício. Para o prof. Luiz de Carvalho a vida é acontecimento, a vida não é computável.

Prof. Luiz de Cravalho




Local: UFRPE
Data: 12/12/2006
Horário: 9:00


Link para o projeto: http://rapidshare.com/files/7675075/TEOREMADEINCOMPLETUDEDEGoeDELEACOMPLEXIDADEDEKOLMOGOROV.doc

sábado, dezembro 02, 2006

SADE E A ECONOMIA DO DESEJO


Maurice Blanchot: La razón de Sade
Por Bernardo Rieux
19 de outubro de 2005
Última Atualização 19 de outubro de 2005
Selecionamos um trecho precioso do livro de Blanchot sobre Lautreamont e Sade, da tradução ao espanhol, que circula
pelo emule:

BLANCHOT, M. La razón de Sade. In Lautréamont y Sade. Traducción de Enrique Lombera Pallares. México: FCE, 1990
(p. 11-63)

Esse texto precioso diz diretamente respeito a outros textos. O Sade
apresentado por Foucault em História da Loucura é diretamente ligado a
esse livro; caso sigamos uma indicação de Roudinesco, Lacan escreve seu
"Kant com Sade" a partir da leitura foucaultiana de Sade, que por sua
vez é permeada por Blanchot.



En 1797 apareció en Holanda La nueva Justine o las desgracias de la virtud seguida de la historia
de Juliette, su hermana. Esta obra monumental, de cerca de 4.000 páginas,
que su autor había preparado a través de varias redacciones que aumentan aún más
su extensión, trabajo casi sin fin, de inmediato espantó al mundo. Si hay un
infierno en las bibliotecas, es para semejante libro. Hemos de admitir que en
ninguna literatura de ninguna época ha habido una obra tan escandalosa, que
como ninguna otra haya herido más profundamente los sentimientos y los
pensamientos de los hombres. ¿Quién, actualmente, se atrevería a rivalizar en
licencia con Sade? Sí, podemos pretenderlo: tenemos allí la obra más
escandalosa jamás escrita. ¿No es un motivo para preocuparnos? Tenemos la
suerte de conocer una obra más allá de la cual ningún otro escritor, en ningún
momento, ha logrado aventurarse. ¿Tenemos, pues, de alguna manera en la mano,
en este mundo tan relativo de la literatura un verdadero absoluto, y no
intentamos interrogarlo? ¿No pensamos en preguntarle por qué no se le puede
superar, lo que hay en el excesivo, eternamente demasiado fuerte para el
hombre? Extraña negligencia. Pero, ¿tal vez será tan puro el escándalo a causa
de esta negligencia? Cuando vemos las precauciones que ha tomado la historia
para hacer de Sade un enigma prodigioso, cuando pensamos en esos 27 años de prisión,
en esa existencia confinada y prohibida, cuando ese secuestro atenta no sólo
contra la vida de un hombre, sino contra su supervivencia, al punto de que
poner en secreto su obra parece condenarlo, aún vivo, a una prisión eterna,
llegamos a preguntarnos si los censores y los jueces que pretenden encerrar a
Sade no están al servicio del mismo Sade, no realizan los votos más vivos de su
libertinaje, el que siempre aspiró a la soledad de las entrañas de la tierra,
al misterio de una existencia subterránea y reclusa. Sade, de diez maneras,
formuló esa idea, la de que los más grandes excesos del hombre exigían el
secreto, la oscuridad del abismo, la soledad inviolable de una celda. Ahora
bien, cosa extraña, son los guardianes de la moral quienes, al condenarlo al
secreto, se han hecho junto con él los cómplices de la más baja inmoralidad. Es
su suegra, la puritana Madame de Montreuil, la que, al hacer de su vida una prisión,
hace de esa vida la obra maestra de la infamia y del desenfreno. E igualmente,
si después de tantos años Justine et
Juliette continua pareciéndonos el libro más escandaloso que pueda leerse,
es porque el libro casi no es posible, es porque, por el autor, por los
editores, con la ayuda de la moral universal, se tomaron todas las medidas para
que el libro conservara un secreto, sea una obra perfectamente ilegible,
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
ilegible tanto por su extensión, su composición, sus repeticiones, como por el
vigor de sus descripciones y la indecencia de su ferocidad, que no podían sino
precipitarla en el infierno. Libro escandaloso, pues a ese libro no podemos
casi aproximarnos y nadie puede volverlo público. Pero libro que muestra también
que no hay escándalo allí donde no hay respeto, y que donde el escándalo es
extraordinario, el respeto es extremo. ¿Quién es más respetado que Sade?
Muchos, todavía hoy, creen que les bastaría tener un momento entre las manos
esta obra maldita para que se verifique la orgullosa frase de Rousseau: "¿toda
joven que lea una sola página de ese libro, estará perdida?" Semejante
respeto es ciertamente un tesoro para una literatura y una civilización. Así, a
todos sus editores y comentaristas presentes y por venir, no podemos dejar de
decirles discretamente este voto: ¡Ah, en Sade, por lo menos, respetad el
escándalo!

Por fortuna, Sade se defiende bien. No sólo su obra,
sino su pensamiento siguen siendo impenetrables, y ello aunque los desarrollos teóricos
sean en ella numerosos, aunque los repita con una paciencia desconcertante y
aunque razone de la manera más clara y con lógica más que suficiente. El gusto e
incluso la pasión de los sistemas lo animan. Se explica, afirma, prueba:
regresa 100 veces sobre el mismo problema (y 100 veces es poco decir), lo mira
en todos los aspectos, examina todas las objeciones, responde a ellas,
encuentra otras a las cuales responde también. Y como lo que él dice es
generalmente bastante sencillo, como su lenguaje es abundante pero preciso y
firme, parece que no debería haber nada más fácil de comprender que la ideología
que, en él, no se separa de las pasiones. Y sin embargo, ¿Cuál es el fondo del
pensamiento de Sade? ¿Qué dijo, en realidad? ¿Dónde está el orden de su
sistema, dónde comienza, donde termina? ¿Hay incluso más de una sombra de
sistema en las etapas de este pensamiento tan obsesionado por las razones? ¿Y por
qué tantos principios tan bien coordinados no consiguen formar el conjunto
perfectamente sólido que deberían constituir, que incluso en apariencia
componen? Eso no aparece, tampoco, con mayor claridad. Tal es la primera
singularidad de Sade. Consiste en que esos pensamientos teóricos liberan a cada
instante unos poderes irracionales con los cuales están ligados: esos poderes a
la vez los animan y los deforman con un empuje tal que los pensamientos
resisten y ceden, intentan dominarlo, pero no lo consiguen sino liberando otras
fuerzas oscuras, las cuales a su vez los arrastran, los desvían y los
pervierten. De ello resulta que todo lo dicho está claro, pero parece a merced
de algo que todavía no está dicho, que aparece un poco más tarde lo que no se habría
dicho, y es retomado por la lógica, que a su vez obedece al movimiento de una
fuerza todavía escondida y que al final, al ponerse las cosas en claro, todo
llega a expresarse, pero todo igualmente vuelve a hundirse en la oscuridad de
los pensamientos irreflexivos y de los momentos que no pueden formularse.

El malestar del lector frente a este pensamiento que
no se aclara sino ante la aparición de otro pensamiento, que a su vez, en ese
instante no puede aclararse, es a menudo muy grande. Lo es, tanto más en la
medida en que las declaraciones de principio de Sade, lo que podemos llamar su filosofía
de base, parecen ser la sencillez misma. Esta filosofía es la del interés,
seguido por el egoísmo integral. Cada quien debe hacer lo que le plazca, nadie
tiene otra ley que su placer. Esta moral está fundada sobre el hecho primero de
la soledad absoluta. Sade lo ha dicho y repetido en todas las formas: la
naturaleza nos hace nacer solos, no existe ninguna especie de relación entre un
hombre y otro. La única regla de conducta es, pues, que yo prefiera todo lo que
me afecte felizmente, sin tener en cuenta las consecuencias que esta decisión
podría acarrear al prójimo. El mayor dolor de los demás cuenta siempre menos
que mi placer. Qué importa, si yo debo comprar el más débil regocijo a cambio
de un conjunto de desastres, pues el goce me halaga, está en mí, pero el efecto
del crimen no me alcanza, esta fuera de mí.

Estos principios son claros. Los volvemos a encontrar
desarrollados de mil maneras en 20 volúmenes. Sade no se cansa de ello. Lo que
le gusta infinitamente es ponerlos en relación con las teorías de moda, las de
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
la igualdad de los individuos enfrente de la naturaleza y enfrente de la ley.
Propone entonces dos razonamientos de este género: siendo idénticos todos los
seres a los ojos de la naturaleza, esta identidad me concede el derecho de no
sacrificarme a la conservación de los demás, cuya ruina es indispensable para
mi felicidad. O bien, formula una especie de Declaración de Derechos del
Erotismo, teniendo por principio fundamental esta máxima, válida tanto para las
mujeres como para los hombres: darse a todos aquellos que lo desean, tomar a
todos aquellos a quien deseamos. "¿Qué mal hago, que ofensa cometo, diciendo
a una bella criatura, cuando la encuentro: préstame la parte de tu cuerpo que
puede satisfacerme un instante y goza, si eso te place, de aquella del mío que
puede serte agradable?" Semejantes proposiciones le parecen irrefutables a
Sade. En el curso de largas páginas, invoca la igualdad de los individuos, la
reciprocidad de derechos, sin percatarse que sus razonamientos, lejos de
afirmarse, se vuelven insensatos: "Jamás un acto de posesión puede
ejercerse sobre un ser libre", dice. Pero ¿qué concluye de esto? No que
esté prohibido hacer violencia a cualquier ser y gozarlo en contra de su
voluntad, sino que nadie, para negarse a ello, pueda pretextar unas relaciones
exclusivas, un derecho anterior de "posesión". La igualdad de los
seres es el derecho de disponer igualmente de todos los seres; la libertad es
el poder de someter a cualquiera a sus deseos.

Al observar el encadenamiento de semejantes fórmulas,
nos preguntamos si hay una laguna en la razón de Sade, una ausencia, una
locura. Tenemos la sensación de un pensamiento profundamente perturbado,
suspendido sobre el vacío. Pero, de repente, la lógica triunfa, las objeciones
aparecen y el sistema se forma poco a poco. Justine, que como sabemos,
representa en este mundo la virtud: tenaz, humilde, siempre oprimida y
desgraciada, pero jamás convencida de sus errores, declara intempestivamente de
una manera muy razonable: "Vuestros principios suponen el poder; si mi
felicidad consiste en nunca tener en cuenta el interés de los demás, en
hacerles mal en ocasiones, llegará necesariamente un día en que el interés de
los demás consistirá en hacerme mal; ¿en nombre de qué protestaría yo?"
"¿El individuo que se aísla puede luchar contra todos?" Objeción clásica,
como vemos. El hombre de Sade responde a ello implícita y explícitamente de
varias maneras que nos arrastran poco a poco al corazón de ese universo que es
el suyo. Sí, dice de entrada, mi derecho es el del poder. Y en efecto, la
humanidad de Sade está compuesta esencialmente de un pequeño número de hombres
todopoderosos, que han tenido la energía de elevarse por encima de los
prejuicios, que se sienten dignos de la naturaleza por has diferencias que ha
puesto en ellos, y que buscan la satisfacción por todos los medios. Esos
hombres extraordinarios pertenecen generalmente a una clase privilegiada: son
duques, reyes, el papa, que también ha surgido de la nobleza; se benefician con
has ventajas de su rango, de la fortuna, de la impunidad que les asegura su
posición. Deben a su nacimiento los privilegios de la desigualdad, que se
contentan con perfeccionar por un implacable despotismo. Son los más fuertes,
porque forman parte de una clase fuerte. "Llamo pueblo, dice uno de ellos,
a esa clase vil y despreciable que no puede vivir sino a fuerza de penas y de
sudores; todo lo que respira debe ligarse contra esta clase abyecta".

Sin embargo, no es posible dudar, si lo más a menudo
esos soberanos del libertinaje concentran en ellos, para su ventaja, toda la
desigualdad de las clases, ello no es sino una circunstancia histórica, la que
Sade no toma en cuenta en sus juicios valorativos. Ha discernido perfectamente
que en la época en la cual escribe, el poderío es una categoría social; que
está inscrito en la organización de la sociedad, tal como se conserva antes y
después de la revolución, pero cree también que el poder (al igual que la
soledad) no es solamente un estado, sino una decisión y una conquista, que sólo
es poderoso quien puede lograrlo por medio de su energía. En realidad, sus
héroes se reclutan en dos medios opuestos: en lo más alto y en lo más bajo, en
la clase más favorecida y en la clase más desfavorecida, entre los grandes de
este mundo y en la cloaca de los bajos fondos. Unos y otros encuentran en su
punto de partida algo extremoso que los favorece: el extremo de la miseria es
un acicate tan vigoroso como el vértigo de la fortuna. Cuando se es un Dubois o
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
un Durand, uno se subleva contra las leyes porque se está demasiado abajo de
ellas para poderse conformar sin perecer. Y cuando uno es un Saint-Fond o el
duque de Blangis, se está demasiado encima de las leyes para someterse a ellas
sin decaer. Por ello, en las obras de Sade la apología del crimen se sustenta
en principios contradictorios: para unos, la desigualdad es un hecho de la
naturaleza; no tienen ningún derecho, no son nada, contra ellos todo está
permitido. De ahí esos elogios desmedidos a la tiranía, esas constituciones
políticas destinadas a hacer imposible el desquite del débil y el
enriquecimiento del pobre. "Establezcamos, dice Verneuil, que hay necesariamente
en las intenciones de la naturaleza una clase de individuos esencialmente
sometidos a otros por su debilidad y su nacimiento". "No para el
pueblo se ha hecho la ley... Lo esencial, en todo gobierno prudente, es que el
pueblo no invada la autoridad de los grandes". Y Saint-Fond: "El
pueblo estará sometido a una esclavitud que lo pondrá en situación de no
atentar jamás contra la dominación o la degradación de las propiedades de los
ricos". O aún: "Todo lo que se denomina crimen de libertinaje no será
castigado sino en las castas de esclavos".

Henos aquí, parece, en presencia de la teoría más loca
del despotismo más absoluto. Pero, bruscamente, la perspectiva cambia. ¿Qué
dice la Dubois? "La naturaleza nos ha hecho nacer a todos iguales; si la
suerte se complace en desarreglar ese primer plan de las leyes generales, nos
corresponde corregir sus caprichos y reparar con nuestra habilidad las
usurpaciones de los más fuertes... Tanto que nuestra buena fe como nuestra
paciencia no servirá sino para reforzar nuestras cadenas, nuestros crímenes
serán virtudes y estaríamos bien engañados al rechazarlos para disminuir un
poco el yugo con el cual se nos carga". Y agrega: a los pobres, sólo el
crimen les abre las puertas de la vida; la maldad es la compensación de la
injusticia, al igual que el robo es el desquite del desposeído. Así, lo
distinguimos claramente: igualdad, desigualdad, libertad de la opresión,
revuelta contra los opresores no son sino argumentos provisionales a través de
los cuales se afirma, según la diferencia de relaciones sociales, el derecho
del hombre de Sade al poder. Pronto, por lo demás, se borra la distinción entre
aquellos que tienen necesidad del crimen para subsistir y aquellos que no gozan
de la existencia sino en el crimen. La Dubois se convierte en baronesa. La
Durand, envenenadora de baja extradición, se eleva por encima de las princesas
que Juliette no vacila en sacrificarle. Los condes se hacen jefes de banda,
asaltantes (como en Faxelange) o
incluso hoteleros para mejor despojar y asesinar a los bobos. Al contrario, la
mayor parte de las víctimas del libertinaje son escogidos en la aristocracia,
es preciso que sean nobles por nacimiento y es a la condesa, su madre, a quien
el marqués de Bressac declara con un soberbio desprecio: "Tus días me
pertenecen y los míos son sagrados".

Ahora, ¿qué pasa? Algunos se han vuelto poderosos.
Unos lo eran por su origen, pero han demostrado que merecían ese poder por la
manera en que lo han acrecentado y en que disponen de él. Otros se han
convertido, y la señal de su éxito es que después de haber tenido que recurrir
al crimen para adquirir el poder, se sirven de ese poder para adquirir la
libertad de todos los crímenes. Así es el mundo: algunos seres que se han
elevado a lo más alto y alrededor de ellos, infinitamente, una polvareda sin
nombre y sin número de individuos que no tienen ni derecho ni poder. Veamos en qué
se convierte la regla del egoísmo absoluto. Yo hago lo que me place, dice el héroe
de Sade, sólo conozco mi placer y, para asegurarlo, torturo y mato. Vosotros me
amenazáis con una suerte parecida para el día en que encontraré alguien cuya
felicidad será torturarme y matarme. Pero yo he adquirido precisamente el poder
para elevarme por encima de esta amenaza. Cuando Sade nos propone respuestas de
este género, sentimos perfectamente que nos deslizamos hacia un aspecto oculto
de su pensamiento, que se sostiene sólo por las fuerzas oscuras que esconde.
¿Cuál es ese poder que no teme ni el azar ni la ley, que se expone
desdeñosamente a los terribles riesgos de una regla concebida así: yo os haré
todo el mal que quiera, hacedme todo el mal que podáis, con el pretexto de que
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
esta regla terminará siempre ventajosamente? Ahora bien, observemos, para que
los principios se derrumben, basta una sola excepción; si una sola vez el
poderoso encuentra la desgracia por haber buscado sólo su placer, si en el
ejercicio de su tiranía se convierte una sola vez en víctima, estará perdido,
la ley del placer parecerá una trampa, y los hombres, en lugar de querer triunfar
por el exceso, volverán a vivir mediocremente en la preocupación del mal menor.

Sade sabe eso. "¿Y si cambia la fortuna?",
le pregunta Justine. Él va a descender a mayor profundidad en su sistema y a
mostrar que al hombre que se vincula con energía al mal nunca puede sucederle
algo malo. Este es el tema esencial de su obra: a la virtud todos los
infortunios, al vicio la dicha de una constante prosperidad. A veces, sobre
todo en las primeras redacciones de Justine,
esta afirmación parece una simple tesis ficticia que ilustra, a manera de
prueba, el arreglo de una historia cuyo autor es el amo. Se dice que Sade
acepta fábulas, que se remite demasiado a una Providencia negra, encargada de
conducir a lo mejor a aquellos que han escogido lo peor. Pero en la Nouvelle Justine y en Juliette, todo cambia. Es
cierto que
Sade posee esta profunda convicción: la de que el hombre del egoísmo absoluto
no puede jamás caer en la desgracia; aún más, será feliz al máximo y lo será
siempre, sin excepción. ¿Pensamiento demente? Puede ser. Pero este pensamiento
está unido en él a potencias tan violentas, que éstas terminan por volver
irrefutables, a sus ojos, las ideas que sostienen. En realidad, la traducción
teórica de esta certeza no se logra sin tropiezos. Recurre a varias soluciones,
las ensaya sin tregua, aunque ninguna pueda satisfacerlo. La primera es
puramente verbal: consiste en negar el pacto social, que según él, es la
salvaguardia de los débiles y constituye para el fuerte una grave amenaza
teórica. En efecto, prácticamente el poderoso se sabe servir muy bien de la ley
para consolidar sus arbitrariedades, pero entonces no es fuerte sino por la ley
y es la ley la que teóricamente encarna el poder. En tanto que no reina la anarquía
o el estado de guerra, el soberano no es sino el soberano, pues incluso si la
ley lo ayuda a aplastar a los débiles es, en suma, por una autoridad creada en
nombre de los débiles y que sustituye la fuerza del hombre sólo por el falso vínculo
de un pacto, del cual se vuelve el amo. "Las pasiones de mi vecino son
infinitamente menos temibles que la injusticia de la ley, pues las pasiones de
ese vecino están contenidas por las mías y en cambio nada detiene, nadie se
enfrenta a las injusticias de la ley". Nada detiene la ley porque no hay
nada encima de ella y porque está por lo mismo siempre encima de mí. Es por lo
que, incluso sirviéndome, me oprime. También por ello Sade, si pudo reconocerse
en la revolución, es en la medida en que, como tránsito de una ley a otra, ha reprensado
la posibilidad de un régimen sin ley, como él lo ha expresado en estas curiosas
afirmaciones: "El reino de las leyes es inferior al de la anarquía: la
prueba más grande de lo que digo está en la obligación en que se encuentra todo
gobierno de hundirse a sí mismo en la anarquía, cuando quiere rehacer la
constitución. Para abrogar las antiguas leyes, está obligado a establecer un
régimen revolucionario en el cual no hay ley: de ese régimen nacen finalmente
nuevas leyes, pero ese segundo estado es necesariamente menos puro que el
primero, puesto que de éste deriva..."

De hecho, el Poder se acomoda a cualquier régimen. A
todos niega la autoridad y en el seno de un mundo desnaturalizado por la ley,
crea un enclave donde la ley se calla, un lugar cerrado en el cual la soberanía
legal es ignorada más bien que combatida. En los estatutos de la "Sociedad
de los Amigos del Crimen" figura un artículo que prohíbe toda actividad
política.




La sociedad respeta el gobierno
bajo el cual vive, y si ella se pone encima de las leyes, es porque está en sus
principios que el hombre no tiene poder de hacer leyes que contraríen las de la
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
naturaleza, pero los desórdenes de sus miembros, siempre internos, no deben
jamás escandalizar ni a los gobernantes ni a los gobernados.




Y si llega a suceder en la obra de Sade que el Poder
realice una tarea política y se mezcle en la revolución, como es el caso de
Borchamps que se entiende con la Logia del Norte para derrocar a la monarquía
sueca, los motivos que lo inspiran no tienen nada que ver con la voluntad de
emancipar la ley. "¿Cuáles son los motivos que os hacen detestar el
despotismo sueco?", le pregunta a uno de los conspiradores. "Los
celos, la ambición, el orgullo, la desesperación de ser dominado, el deseo de
tiranizar yo mismo a los otros" "¿el bienestar de los pueblos entra
de alguna manera en vuestras vías?". "No quiero sino el mío
propio".

En rigor, el Poder puede siempre sostener que no tiene
nada que temer de los hombres comunes que son débiles y nada de la ley, cuya
legitimidad no reconoce. El verdadero problema es el de las relaciones del
Poder con el poder. Esos hombres fuera de serie, que vienen de muy arriba o de
muy abajo, se encuentran necesariamente: sus gustos parecidos los aproximan; el
hecho de que lean la excepción, al ponerlos aparte, los aproxima. Pero ¿cuál
puede ser la relación de la excepción con la excepción? Esta cuestión ha
ciertamente preocupado mucho a Sade. Como siempre, va de una solución a otra,
para finalmente, al término de su lógica, dejar que se transparente de este
enigma, la única palabra que le importa. Cuando inventa una sociedad secreta,
reglamentada por convenciones rigurosas, destinadas a atemperar en ella los
excesos, tiene la excusa de moda, pues ha vivido en un tiempo en el cual la
francmasonería del libertinaje, y la francmasonería a secas hacia surgir, en el
seno de una sociedad en ruinas, un gran numero de pequeñas sociedades, de
colegios secretos, fundados sobre la complicidad de las pasiones y el mutuo
respeto de las ideas peligrosas. La "Sociedad de los Amigos del
Crimen" es un ensayo de este género. Sus estatutos, ampliamente analizados
y estudiados, prohíben a los miembros de la sociedad el abandonarse entre ellos
a las pasiones feroces, las cuales no pueden satisfacerse sino en dos serrallos,
a los cuales las clases virtuosas aseguran la población. Entre ellos, deben los
miembros "prestarse a todas las fantasías y a hacer todo", Pero,
agrega Sade, no debe haber pasiones crueles. Vemos claramente por qué: es que
se trata a cualquier precio de impedir el encuentro, en el terreno en que el
mal se convertiría en su desgracia, de quienes no deben esperar sino el placer.
Los libertinos superiores se alían, pero no se encuentran.

Tal compromiso no puede satisfacer a Sade. También es
preciso señalar que, aunque los héroes de sus libros se asocian constantemente
por convenios que determinan los límites de su poder y sobreponen el orden al
desorden, la posibilidad de la traición permanece entera: entre los cómplices
la traición no cesa de agrandarse, al punto que al fin se sienten menos ligados
por el juramento que los une que por la necesidad recíproca de faltar a ese
juramento. Esta situación vuelve extremadamente dramática la última parte de Juliette. Ésta tiene principios. Tiene
respeto al libertinaje y cuando se encuentra a un malvado perfecto, la perfección
del crimen del cual es responsable, el poder de destrucción que representa, no
sólo la llevan a asociarse con él, sino, incluso, cuando esta asociación se
vuelve peligrosa para ella la conducen a salvarlo si puede. Así, aunque en
peligro de ser muerta por el monstruo Minski, se niega a hacerle asesinar.
"Este hombre es demasiado perjudicial para la humanidad, para que yo prive
de él al Universo". Y algún otro personaje que inventa obras maestras de
lubricidad, sí, al fin ella lo inmola, pero porque se ha dado cuenta de que al
salir de sus orgías sangrientas, aquél tenía el hábito de ir a una capilla a
purificarse el alma. ¿El perfecto criminal estará pues al abrigo de las
pasiones a las cuales se libra? ¿Subsistiría un principio, un último principio,
según el cual el libertino no puede ser nunca objeto ni víctima de su propio
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
libertinaje? "Me has dicho 100 veces, dice a Juliette Mme. de Donis, que
los taimados no se hieren entre ellos: ¿desmentirás esta máxima?" La
respuesta es clara; la desmiente; Mme. de Donis es sacrificada, y poco a poco
los cómplices más queridos, los compañeros de perdición más respetables perecen
víctimas sea de su fidelidad, sea de su perjurio, sea de su cansancio, sea del
ardor de sus sentimientos. Nada puede salvarlos, nada los excusa. Apenas ha
precipitado Juliette a la muerte a sus mejores amigos cuando ya se vuelve hacia
otros nuevos aliados e intercambia con ellos juramentos de eterna confianza.
Juramentos de los cuales se ríen ellos mismos, pues bien saben que no asignan
límites a sus excesos, sino para tener el placer de rebasar esos límites.

La conversación siguiente, entre algunos señores del
crimen, resume bastante bien la situación. Uno de ellos, Germand, dice de su
primo Bressac: "Mirad, él hereda de mí; pues bien, yo apuesto que mi vida
no lo impacienta: tengo los mismos gustos, la misma manera de pensar, él está
seguro de encontrar un amigo en mí". Ciertamente, dice Bressac, yo nunca
os haré el menor daño. Sin embargo, el mismo Bressac observa que otro de sus
parientes, d'Esterval, que se especializa en degollar transeúntes, ha estado a
punto de asesinarlo. "Sí, dice d'Esterval, como pariente, jamás como compañero
de orgías". Pero Bressac permanece escéptico y todos quedan, en efecto, de
acuerdo en que esta consideración ha estado a punto de no retener a Dorothée,
la mujer de d'Esterval. Ahora bien, ¿qué responde esta Dorothée? "Vuestro
elogio está en vuestra sentencia. El terrible hábito que tengo de inmolar a los
hombres que me placen, escribía vuestra sentencia a un lado de mi declaración
de amor". He aquí algo claro. Pero, en esas condiciones, ¿en qué se
convierte esa certidumbre del hombre siempre feliz si tiene todos los vicios,
necesariamente infortunado si posee una sola virtud? En la realidad, su obra
está sembrada de cadáveres de libertinos, que cayeron en la cumbre de su
gloria. No es sólo a Justine a quien el dolor sigue, sino también a la soberbia
Clairwill, la heroína más fuerte, la más enérgica de Sade, al igual que a
Saint-Fond, asesinado por Noirceuil, a la licenciosa Borghese arrojada al fondo
de un volcán, a cientos de criminales perfectos. ¡Raros desenlaces, singulares
triunfos de esos seres perversos! ¿Cómo la loca razón de Sade pudo cegarse
frente a estos mentís que ella misma se da? Pero sucede precisamente que esos
mentís son pruebas y he aquí por qué:

Cuando leemos distraídamente Justine, nos dejamos engañar por una historia bastante grosera. Vemos
a esa joven virtuosa violada sin cesar, golpeada, torturada, víctima de un
destino resuelto a perderla; y cuando leemos Juliette vemos a una joven viciosa que vuela de placer en placer.
Semejante intriga no acaba de convencernos. Pero es que no hemos puesto
atención a su aspecto más importante: atentos únicamente a la tristeza de una
de ellas y a la satisfacción de la otra, se nos olvida que en el fondo la
historia de las dos hermanas es idéntica, que todo lo que pasaba a Justine le
sucedía a Juliette; que la una y la otra pasan por los mismos acontecimientos,
sufren las mismas pruebas. Juliette es también enviada a prisión, golpeada,
amenazada de suplicio, torturada sin fin. Su existencia es horrible, pero
mirad: esos males le proporcionan placer, esas torturas le encantan. "Son
deliciosos los hierros del crimen que amamos." Y no hablamos de estos
tormentos singulares que son tan terribles para Justine y tan deliciosamente
agradables para Juliette. En el curso de una escena que sucede en el castillo
de un mal juez, se ve a esa infortunada Justine entregada a suplicios
verdaderamente execrables; sus sufrimientos son inauditos; no sabemos qué
pensar de semejante injusticia. Ahora bien, ¿qué sucede? Una muchacha
totalmente viciosa que asiste a la escena, enardecida por el espectáculo, exige
que se le haga sufrir inmediatamente el mismo suplicio. Y obtiene con ello
delicias infinitas. Es, pues, cierto que la virtud hace la desgracia de los
hombres, pero no porque los exponga a sucesos desgraciados, sino porque, si
quitamos la virtud, lo que era desdicha se convierte en ocasión de placer, y
los tormentos son voluptuosidades.

Para Sade, el hombre soberano es inaccesible al mal
porque nadie puede hacerle mal; es el hombre de todas las pasiones y sus
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
pasiones se complacen en todo.

Hemos acogido a veces, como expresión de una paradoja
demasiado ingeniosa para ser verdadera, la conclusión de Jean Paulhan quien,
detrás del sadismo de Sade, ha hecho aparecer una tendencia completamente
contraria[1].
Pero vemos que esta idea está en el centro del sistema. El hombre del egoísmo
integral es quien sabe transformar todos los disgustos en gustos, todas las
repugnancias en atractivos. Como filósofo de boudoir afirma: "Me gusta todo, me divierto de todo, quiero
reunir todos los géneros." Y por ello Sade, en Les 120
journées, se dedica a la
tarea gigantesca de hacer la lista completa de las anomalías, de las desviaciones,
de todas las posibilidades humanas. Es necesario probar todo para no estar a
merced de algo. "No conocerás nada si no has conocido todo, si eres lo
bastante tímido para detenerte con la naturaleza, ésta se te escapará para
siempre."

Comprendemos por qué la objeción de la triste Justine,
"¿y si cambia la suerte?", no puede inquietar a un alma criminal. La
suerte puede cambiar y convertirse en mala suerte: no será sino una nueva
suerte, tan deseada o tan satisfactoria como la otra. ¡Pero os arriesgáis al patíbulo!
¡Terminaréis, probablemente, en la muerte más ignominiosa! Es ese mi deseo más
ferviente, responde el libertino: "Oh, Juliette, dice la Borghèse, yo
quisiera que mis extravíos pudiesen llevarme como a la última de las criaturas
a la suerte a la cual los conduce el abandono. El patíbulo mismo será para mí
el trono de las voluptuosidades, allí desafiaré a la muerte, gozando del placer
de expirar víctima de mis maldades." Y alguna otra: "El verdadero
libertino gusta hasta de los reproches que le merecen sus execrables
procedimientos. ¿No hemos visto que gozan hasta los suplicios que la venganza
humana les preparaba, que los sufrían con alegría, que observaban el patíbulo
como un trono de gloria donde les habría consternado no perecer con el mismo
valor que los había animado en el execrable ejercicio de sus maldades? He aquí
al hombre en el último grado de la corrupción reflexionada." ¿Sobre un
Poder semejante, que puede la ley? Lo quiere castigar y lo recompensa, lo
exalta al envilecerlo. E igualmente, ¿qué puede el libertino contra su
semejante? Un día lo traiciona y lo inmola, pero esta traición proporciona un
placer feroz a quien es la víctima, que ve con ello confirmadas todas sus
sospechas y muere en la voluptuosidad de haber sido la ocasión de un nuevo
crimen (sin hablar de otras alegrías). Una de las más curiosas heroínas de Sade
se llama Amélie. Vive en Suecia; un día va al encuentro de Borchamps, el
conspirador del cual hemos hablado; éste, con la esperanza de una ejecución
monstruosa, acaba de entregar al soberano a todos los miembros de la
conspiración, y esta traición ha entusiasmado a la joven. "Me encanta tu
ferocidad, le dice ella. Júrame que un día también seré tu víctima; desde la
edad de quince años he estado trastornada por el ideal de perecer como víctima
de las crueles pasiones del libertinaje. No quiero morir mañana, sin duda; mi
extravagancia no llega tan lejos; pero no quiero morir sino de esta manera:
convertirme al expirar en ocasión de un crimen es una idea que me hace girar la
cabeza." Extraña cabeza, completamente digna de esta respuesta: "Amo
tu cabeza con locura y yo creo que haremos juntos cosas fuertes."
"¡Ella está podrida, putrefacta, convengo en ello!"

Así, todo comienza a ser claro: para el hombre
integral, que es el todo del hombre, no hay mal posible. Si hace mal a otros,
¡qué voluptuosidad! Si los otros se lo hacen a él, ¡qué goce! La virtud le da
placer, porque ella es débil y él la aplasta, y del vicio obtiene satisfacción
por el desorden que engendra, aunque sea a sus expensas. Si vive, no hay
acontecimiento de su existencia que no pueda considerar feliz. Si muere,
encuentra en su muerte un placer más grande aún y, en la conciencia de su
destrucción el coronamiento de una vida que sólo justifica la necesidad de
destruir. Es pues inaccesible a los demás. Nadie puede alcanzarlo, nada aliena
su poder de ser él mismo y de gozar de sí mismo. Tal es el primer sentido de su
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
soledad. Aun si en apariencia se convierte a su vez en víctima y esclavo, la
violencia de sus pasiones que él sabe satisfacer en cualquier circunstancia le
asegura la soberanía, le hace sentir que en todo momento, en la vida y en la
muerte, se conserva todopoderoso. Es en esto, a pesar de la analogía de las
descripciones, en lo que parece justo dejar a Sacher Masoch la paternidad del
masoquismo y a Sade la del sadismo. Entre los héroes de Sade, el placer del
envilecimiento no altera nunca su dominio y la abyección los coloca más alto;
todos los sentimientos que se denominan vergüenza, remordimientos, gusto del
castigo, les son extraños. A Saint-Fond que le dice: "Mi orgullo es tal
que yo quisiera ser servido de rodillas, siempre hablar con intérprete a toda
esa vil canalla que llaman pueblo", Juliette pregunta (sin ironía):
"Pero los caprichos del libertinaje ¿no os sacan de esa altura?"
"Para las cabezas organizadas como las nuestras, responde Saint-Fond, esta
humillación sirve deliciosamente a nuestro orgullo." Y Sade agrega como
observación: "Esto es fácil de comprender; hacemos lo que nadie hace; uno
es, pues, único en su género." Igual satisfacción de orgullo en el plan
moral, por el sentimiento de estar excluido de la humanidad: "Es necesario
que el mundo tiemble al conocer el crimen que habremos cometido. Es necesario
avergonzar a los hombres por pertenecer a la misma especie que nosotros; exijo
que se levante un monumento para dejar constancia de este crimen al universo y
que nuestros nombres sean impresos en dicho monumento por nuestras propias
manos." Ser único en su género, es claramente la señal de la soberanía, y
veremos hasta qué sentido absoluto ha llevado Sade esta categoría.

Todo comienza a ser más claro; pero al punto al que
hemos llegado, sentimos también que todo comienza a volverse muy oscuro; ese
movimiento por el cual el Único escapa de la sumisión a otro está lejos de ser
transparente. Desde algunos ángulos, es una especie de insensibilidad estoica,
la cual parece suponer la perfecta autonomía del hombre en relación con el
mundo. Pero, al mismo tiempo, es todo lo contrario, pues independientemente de
los otros que jamás pueden perjudicarlo, el Único afirma inmediatamente sobre
ellos una relación de absoluto dominio, y no es porque el prójimo no pueda nada
contra él o que el puñal, la tortura, las maniobras envilecedoras lo dejen
intacto, sino porque él puede todo contra el prójimo, ya que incluso el dolor
que viene de otros le da el placer del poder y lo ayuda a ejercer su soberanía.
Ahora bien, esta situación resulta muy embarazosa. Desde el momento en que
"ser amo de mí" significa "ser amo de los demás"; desde el
momento en que mi independencia no proviene de mi autonomía, sino de la
dependencia de los otros hacia mí, es claro que permanezco ligado a los otros y
que tengo necesidad de ellos, aunque sea para reducirlos a la nada. Semejante
dificultad ha sido evocada a menudo, a propósito de Sade. No es seguro que el
propio Sade sea sensible a esto, y una de las originalidades de este
pensamiento "excepcional" proviene tal vez de esto: cuando no se es
Sade, hay en ello un problema decisivo, mediante el cual entre amo y esclavo se
reintroducen relaciones de solidaridad recíproca; pero cuando uno se llama
Sade, no existe en ello ningún problema y existe incluso la imposibilidad de
ver un problema.

No podemos examinar, como sería necesario, los textos
muy numerosos (todo es siempre en cantidad infinita en Sade) que se refieran a
esta situación. En realidad, las contradicciones abundan. Algunas veces, la
ferocidad del libertinaje parece como obsesionada por la contradicción de sus
placeres. El libertino no tiene mayor placer que el de inmolar a sus víctimas,
pero este placer se arruina por sí mismo, se destruye aniquilando lo que lo
causa: "El placer de matar a una mujer, dice uno, rápidamente pasa; no se
siente nada más cuando está muerta; las delicias de hacerla sufrir desaparecen
con su vida... Marquémoslas (al hierro rojo), marchitémoslas; de este
envilecimiento sufrirá hasta el último momento de su vida y nuestra lujuria,
infinitamente prolongada, se volverá aún más deliciosa." Asimismo,
Saint-Fond, descontento de los suplicios demasiado sencillos, quisiera para
cada ser una especie de muerte infinita; por ello, imagina, mediante un sistema
indudablemente ingenioso, meter la mano en el infierno, y se las arregla para
disponer, desde este mundo, a expensas de los seres que escoge, de esta fuente
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
inextinguible de tormentos. Discernimos allí, seguramente, algunas relaciones
inexpresables que la opresión crea entre el oprimido y el opresor. El hombre de
Sade obtiene su existencia de la muerte que da y a veces, deseando una
eternidad de vida, sueña con una muerte que pueda dar eternamente, de tal
manera que el verdugo y la víctima, colocados eternamente el uno enfrente de la
otra, se vean igualmente provistos del mismo poder, del mismo atributo divino
de la eternidad. Que semejante contradicción forme parte de Sade, no podríamos
discutirlo. Pero aún más a menudo le sucede que por razones que nos esclarecen
todavía más profundamente acerca del inundo que es el suyo, pasa esto por alto.
A Saint-Fond, Clairwill le reprocha lo que ella llama sus extravagancias
imperdonables y para ponerlo en el camino recto, le da este consejo:




Remplaza la idea voluptuosa que
te calienta la cabeza la idea de prolongar hasta el infinito los suplicios del
ser al que hemos condenado a muerte, remplázala por una mayor abundancia de
asesinatos; no mates por más tiempo al mismo individuo, lo que es imposible,
sino asesina a muchos otros, lo que es muy factible.




El gran número es en efecto una solución bastante más correcta.
Considerar a los seres desde el punto de vista de la cantidad los mata aún más
completamente que la violencia física que los aniquila. El criminal se une
posiblemente de manera indisoluble con aquel a quien asesina. Pero el libertino
que, inmolando a su víctima no resiente sino la necesidad de sacrificar a otras
miles, parece extrañamente libre de toda unión con ella. A sus ojos, ella no
existe en sí misma, no es un ser distinto, sino un simple elemento,
indefinidamente sustituible, en una inmensa ecuación erótica. Al leer
declaraciones como ésta: "Nada divierte, nada calienta la cabeza como el
gran número", se comprende mejor por qué la idea de igualdad sostiene
tantos razonamientos de Sade. Todos los hombres son iguales; ello quiere decir
que ninguna criatura vale más que otra y por lo mismo, todas son
intercambiables, ninguna tiene sino la significación de una unidad en un
recuento infinito. Enfrente del Único, todos los seres son iguales en nulidad y
el Único, al reducirlos a nada, no hace sino volver evidente esa nada.

Es ello lo que hace del mundo de Sade algo tan extraño.
Las escenas de ferocidad suceden a las escenas de ferocidad. Las repeticiones
son infinitas, fabulosas. En una sola sesión, es frecuente que cada libertino
torture, masacre cuatrocientas o quinientas víctimas; después vuelve a comenzar
al día siguiente luego, en la noche, nueva ceremonia; varían un poco las
disposiciones, él se exalta de nuevo y a la hecatombe se agrega la hecatombe.
¡Y qué! ¿Quién no se da cuenta de que en esas ejecuciones gigantescas los que
mueren no poseen ya la menor realidad y que, si ellos desaparecen con esa
facilidad irrisoria, es porque han sido antes aniquilados por un acto de
destrucción total y absoluta, que no están allí y que no mueren sino para dar
testimonio de esta especie de cataclismo original, de esta destrucción que no
vale sólo para ellos, sino para todos los demás? Esto es notable: el mundo en
que avanza el Único es un desierto; los seres que él encuentra allí son menos
que cosas, menos que sombras y al atormentarlos y al destruirlos no es su vida
lo que toma, sino que es su nada lo que verifica, es su inexistencia de la cual
se vuelve amo y de la cual extrae su mayor regocijo. ¿Qué dice, pues, en el
alba de las 120 jornadas, el duque de Blangis a las mujeres reunidas para el
placer de los cuatro libertinos?



:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
Examinad vuestra situación, lo
que sois, lo que nosotros somos, y que esas reflexiones os hagan estremecer:
estáis aquí fuera de Francia, al fondo de un bosque inhabitado, más allá de
montanas escarpadas cuyos parajes han sido aniquilados inmediatamente después
de que vosotras los habéis franqueado; estáis encerradas en una ciudadela
impenetrable, de la cual nadie sabe, pues os encontráis sustraídas a vuestros
amigos, a vuestros padres, vosotras ya
estáis muertas para el mundo.




Esto debe entenderse en sentido propio; ellas están ya
muertas, suprimidas, encerradas en el vacío absoluto de una Bastilla donde la
existencia ya no entra y en la cual su vida no sirve sino para volver sensible
ese carácter "ya muerto" con el cual se confunde.

Dejemos de lado las historias de necrofilia que aunque
bastante numerosas en Sade, parecen bastante lejanas de las posibilidades
"normales" de sus héroes. Sería necesario además señalar que cuando
estos exclaman: "¡Ah, el bello cadáver!" y se calientan a la
insensibilidad de la muerte, la mayor parte del tiempo habían comenzado por ser
asesinos y de este poder de agresión no se cansan de prolongar sus efectos, aún
más allá de la muerte. Es innegable que lo que caracteriza el mundo de Sade no
es el gusto de no formar sino uno con la existencia cadavérica, ni el esfuerzo
de deslizarse en la pasividad de una forma que representa la ausencia de forma,
realidad plenamente real, sustraída de la incertidumbre de la vida y que sin
embargo encarna la irrealidad por excelencia. Por el contrario, el centro del
mundo sádico es la exigencia de la soberanía, que se afirma por una inmensa negación.
Esta negación que se realiza a la escala de los grandes números, que ningún
caso particular puede satisfacer, está esencialmente destinada a superar el
plano de la existencia humana. Por mucho que el hombre de Sade se imponga a los
demás por su capacidad de destruir, si da la impresión de no ser nunca su
tributario, incluso en la necesidad que tiene de aniquilarlos, si parece
siempre capaz de prescindir de ellos, es porque está colocado en un plano en el
cual ellos ya no tienen nada en común, y se ha colocado de una vez por todas en
ese plano; dando por horizonte a su proyecto destructor algo que supera
infinitamente a los hombres y a su corta existencia. En otros términos, en la
medida en que el hombre sádico parece sorprendentemente libre en relación con
sus víctimas, de las cuales sin embargo dependen sus placeres, es porque la
violencia sobre ellas apunta hacia otra cosa, va bastante más lejos y no hace
sino verificar frenéticamente, al infinito, sobre cada caso particular, el acto
general de destrucción por el cual ha reducido a Dios y al mundo a la nada.

Evidentemente, el espíritu del crimen está ligado en
Sade a un sueño desmesurado de negación, que las débiles posibilidades
prácticas no cesan de degradar y de deshonrar. El más bello crimen de aquí
abajo no es sino una miseria de la cual se avergüenza el libertino. No hay uno
solo entre ellos que, como el monje Jérôme, no tenga un sentimiento de
vergüenza ante la mediocridad de sus maldades y no busque un crimen superior a
todo lo que el hombre podría hacer en el mundo, y desgraciadamente, dice,
"no lo encuentro: todo lo que hacemos no es sino la imagen de aquello que
quisiéramos hacer".




Quisiera, dice Clairwill,
encontrar un crimen cuyo efecto perpetuo actúe, incluso cuando yo no actuase
más, de suerte que no haya habido un solo instante de mi vida en el cual,
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
incluso durmiendo, no sea yo causa de algún desorden cualquiera y que ese
desorden pudiese extenderse al punto que condujera a una corrupción general o a
un desarreglo tan formal que aun después de mi vida el efecto siguiera
prolongándose.




A lo cual Juliette da esta respuesta muy propia para
agradar al autor de La Nouvelle Justine:
"Intenta el crimen moral al cual llegamos por escrito." Si Sade, que
en su sistema reduce tanto como es posible la parte de las voluptuosidades
intelectuales, que ha suprimido casi completamente el erotismo de la imaginación
(porque su propio sueño erótico consiste en proyectar sobre unos personajes que
no sueñan sino que actúan realmente, el movimiento ideal de sus placeres: el
erotismo de Sade es un erotismo de sueño, puesto que no se realiza la mayor
parte del tiempo sino en la ficción; pero en la medida en que ese erotismo es
soñado, en la misma medida exige una ficción en la cual el sueño sea desterrado
o la orgía sea realizada o vivida), si Sade, sin embargo, por excepción ha
exaltado lo imaginario, es porque sabe muy bien que el fundamento de tantos crímenes
imperfectos es un crimen imposible, del cual únicamente la imaginación puede
dar cuenta y por ello dice a través de Belmor:




Oh Juliette, en verdad son
deliciosos los placeres de la imaginación. Toda la tierra nos pertenece en esos
momentos deliciosos; ni una sola criatura se nos resiste, devastamos el mundo, lo
repoblamos de nuevos objetos que también inmolamos; tenemos el medio de todos
los crímenes, usamos de todos, centuplicamos el horror.




En su recopilación de estudios, donde no sólo los
pensamientos más fuertes son expresados sobre Sade, sino también sobre todos
los problemas que la existencia de Sade puede esclarecer, Pierre Klossowski
explica el carácter tan complejo de las relaciones que establece la conciencia
sádica con Dios y con el prójimo[2].
Muestra que sus relaciones son negativas, pero que, por lo mismo que la
negación es real, reintroduce las nociones que suprime: la noción de Dios y la
noción del prójimo, dice, son indispensables para la conciencia del libertino.
De ello podemos discutir infinitamente, porque la obra de Sade es un caos de
ideas claras en la cual todo está dicho, pero también todo disimulado. Sin
embargo, la originalidad de Sade nos parece que está en la pretensión
extremadamente firme de fundar la soberanía del hombre sobre un poder
trascendente de negación, poder que no depende en nada de los objetos que
destruye; que al destruirlos, no presupone siquiera su existencia anterior,
pues ya desde antes son considerados nulos. Ahora bien, esta dialéctica
encuentra a la vez su mejor ejemplo y posiblemente su justificación en la
manera en que el Omnipotente de Sade se afirma en relación a la Omnipotencia
divina.

Maurice Heine[3]
ha hecho resaltar la firmeza excepcional del ateísmo de Sade. Pero, como Pierre
Klossowski tiene mucha razón en recordar, ese ateísmo no es de sangre fría.
Desde que en el desarrollo más tranquilo aparece el nombre de Dios, inmediatamente
el lenguaje se enciende, el tono se eleva, el movimiento del odio arrastra las
palabras, las trastorna. No es ciertamente en las escenas de lujuria en las
cuales Sade da pruebas de su pasión, sino que la violencia y el desprecio y el
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
calor del orgullo y el vértigo del poder y del deseo se despiertan
inmediatamente cada vez que el Único percibe en su camino algunos vestigios de
Dios. La idea de Dios es, de alguna manera, la falta inexpiable del hombre, su
pecado original, la prueba de su nada, lo que justifica y autoriza el crimen,
pues contra un ser que ha aceptado anularse enfrente de Dios, no podríamos
recurrir a medios demasiado enérgicos de aniquilamiento. Sade escribe: "La
idea de Dios es el único mal que no puedo perdonar al hombre." Palabra decisiva
y una de las claves de su sistema. La creencia en un Dios todopoderoso que no
deja al hombre sino la realidad de un hato de paja, de un átomo de nada, impone
al hombre integral el deber de recuperar ere poder soberano, al recuperar para
sí mismo en nombre de los hombres y sobre los hombres, el derecho soberano que
éstos han reconocido en Dios. El criminal, cuando mata, es Dios sobre la
tierra, porque realiza entre él y su víctima las relaciones de subordinación en
la que ésta ve las relaciones de la definición de la soberanía divina.

Desde que un verdadero libertino discierne, así sea en
el espíritu del degenerado más corrompido, la menor huella de fe religiosa,
inmediatamente le decreta la muerte: porque ese ser descarriado se ha destruido
a sí mismo, habiendo abdicado entre las manos de Dios; sucede que él se
considera nada, de manera que aquel que lo mata no hace sino regularizar una situación
que las apariencias apenas velan.

El hombre de Sade niega a los hombres y esta negación
se realiza por intermedio de la noción de Dios. Momentáneamente, él se hace
Dios, para que enfrente de él los hombres se aniquilen y vean cuál es la nada
de un ser enfrente de Dios. "¿Vos no amáis a los hombres, verdad príncipe?",
pregunta Juliette. "Los aborrezco. No hay un solo instante en que no tenga
deseos vehementes de dañarlos. No hay, en efecto, una raza más espantosa... ¡Qué
bajeza, qué vil, qué repulsivo!" "Pero vos, interrumpe Juliette, ¿creéis
realmente que vos formáis parte de los hombres?" "Oh, no, no, cuando
se les domina con tanta energía es imposible ser de su raza." "Ella
tiene razón, dice Saint-Fond, sí, nosotros somos dioses."

Sin embargo, el movimiento de la dialéctica continúa:
el hombre de Sade que ha tomado por su cuenta el poder de estar por encima de los
hombres, concedido locamente por éstos a Dios, no olvida un instante que ese
poder es todo negación: ser Dios no puede tener sino un sentido, aplastar a los
hombres, aniquilar la creación. "Quisiera ser la caja de Pandora, dice también
Saint-Fond, para que todos los males surgidos de mi seno destruyan a todos los
seres individualmente." Y Verneuil: "Si fuera verdad que existe un
Dios, ¿no seríamos nosotros sus rivales, al destruir así lo que él hubiera
formado?" De esta manera se elabora poco a poco una concepción ambigua de
la Omnipotencia, en el último sentido de la cual no pueden existir dudas. P.
Klossowski insiste en las teorías de ese Saint-Fond del cual acabamos de
transcribir los pensamientos y que, entre todos los héroes de Sade, presenta
esa singularidad de creer en el Ser Supremo; sólo que el Dios en el cual cree
no es muy bueno, sino "muy vengativo, muy bárbaro, muy malo, muy
cruel"; es el Ser Supremo en maldad, el Dios de las fechorías. Sade ha
sacado de esta idea toda clase de desarrollos brillantes. Imagina un juicio
final que describe con sus recursos del humor feroz que le es propio. Escucha
en él a Dios, regañando a los buenos en estos términos:




Si habéis visto que todo era
vicioso y criminal sobre la tierra, ¿por qué os habéis perdido en el camino de
la virtud? Las desgracias perpetuas con las cuales cubrí el Universo, ¿no
debían convenceros de que no amo más que el desorden y que era necesario
irritarme para complacerme? ¿No os daba yo cada día el ejemplo de la
destrucción? ¿Por qué no destruíais vosotros? ¡Imbécil! ¿Por qué no me
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
imitabas?




Pero recordado esto, es evidente que tal concepción de un Dios infernal
no es sino un momento de la dialéctica por la cual el superhombre de Sade,
después de haber negado al hombre bajo el nombre de Dios, va al encuentro con
Dios y va a negarlo a su vez en nombre de la naturaleza, para finalmente negar
la naturaleza identificándola con el espíritu de negación. En el Dios malvado,
la negación que acaba de exterminar la noción de orden reposa, por decirlo así,
unos momentos antes de tomarse ella misma por objeto. Saint-Fond, al
convertirse en Dios, obliga por lo mismo a Dios a convertirse en Saint-Fond, y
el Ser Supremo, entre las manos del cual el débil había abdicado para empujar
al fuerte a la abdicación, se afirma sólo como la gigantesca coerción de una
transcendencia de bronce que aplasta a cada uno en proporción a su debilidad.
Es el odio hipostasiado a los hombres, llevado a su término más alto. Pero
apenas llegado a la existencia absoluta, el espíritu de negación, habiendo
tomado conciencia de sí mismo como infinito, no puede sino revolverse contra la
afirmación de esta existencia absoluta, único objeto que está ahora a la medida
de una negación que se ha vuelto infinita. Es el odio de los hombres que se había
encarnado en Dios. Ahora es el odio de Dios, que libera de sí mismo el propio
odio. Odio tan vigoroso que parece a cada instante proyectar la realidad de lo
que niega para afirmarse mejor y justificarse. "Si esta existencia la de
Dios fuera verdadera, confieso, dice la Dubois, que el solo placer de irritar
perpetuamente a aquel que estaría revestido de ella se volvería el más preciso
resarcimiento de la necesidad en la cual me encontraría de aceptar cualquier
creencia en él." Pero un odio tan devorador, ¿da testimonio como parece
creerlo Klossowski, de una fe que hubiera olvidado su nombre y recurriera a la
blasfemia para obligar a Dios a salir del silencio? No nos parece. Todo indica,
por el contrario, que este odio tan poderoso no está vinculado a Dios con esa predilección
sino porque ha encontrado en él un pretexto y un alimento privilegiado. Dios,
para Sade, no es manifiestamente sino el soporte de su odio. Su odio es
demasiado grande para que le importe algún objeto: como es infinito, como
supera todos los límites, le sucede que se complace en sí mismo y se extasía de
esta infinitud a la cual da el nombre de Dios ("Tu sistema, dice Clairwill
a Saint-Fond, no encuentra sus orígenes sino en el profundo horror que tú
tienes a Dios"). Pero es sólo el odio lo que es real y al fin, se lanzará
contra la naturaleza con tanta intrepidez como contra el Dios inexistente que
aborrece.

En realidad, si las cosas religiosas, si el nombre de
Dios, si esos "hacedores de Dios" que son los curas desencadenan las
pasiones más tormentosas de Sade, es porque las palabras de Dios y de religión
son propias para encarnar en él todas las formas de su odio. En Dios, él odia
la nada del hombre, que se ha dado semejante amo, y el pensamiento de esa nada
lo irrita y lo inflama a tal punto que no puede sino cooperar con Dios, para
sancionar esa nada. Además, en Dios, él odia la omnipotencia de Dios, en la
cual reconoce la suya propia, y Dios se convierte en la figura, en el cuerpo de
su odio infinito. Finalmente, él odia en Dios la miseria de Dios, la nulidad de
una existencia que, en tanto que se afirma como existencia y creación, no es
nada, pues lo que es grande, lo que es todo, es el espíritu de destrucción.

Ese espíritu de destrucción se identifica, en el
sistema de Sade, con la naturaleza. Sobre ese punto, su pensamiento ha andado
mucho a tientas, le ha sido necesario deshacerse de las filosofías ateas de
moda hacia las cuales no puede sentir sino simpatía y en las cuales su razón,
ávida de argumentos, encontraba recursos inextinguibles. Pero en la medida en
la cual él ha sabido superar la ideología naturalista, la cual no lo ha
engañado con analogías externas, nos ofrece la prueba de que en él la lógica ha
ido hasta el extremo y no se ha evadido frente a las formas oscuras que la
sostenían. La naturaleza es una de esas palabras que, como tantos escritores de
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
su tiempo, Sade usaba gustosamente. En nombre de la naturaleza ha conducido su
lucha contra Dios y contra todo lo que Dios representa, en particular la moral.
No insistamos, la abundancia de Sade sobre este tema es vertiginosa. Esta
naturaleza es en principio para él la vida universal y, durante centenares de
páginas, toda su filosofía consiste en repetir que los instintos inmorales son
buenos, puesto que son hechos naturales y que la primera y la última instancia,
es la naturaleza. Dicho de otra manera, no hay moral, es el reino del hecho.
Pero en seguida, molesto por el valor igual que se ve conducido a acordar a los
instintos virtuosos y a los impulsos malvados, intenta establecer una nueva
escala de valores, en la cumbre de la cual estará el crimen. Su principal
argumento es volver a decir que el crimen está más de acuerdo con el espíritu
de la naturaleza, porque es movimiento, es decir, vida; la naturaleza que quiere
crear, dice, tiene necesidad del crimen que destruye: todo esto establecido de
una manera sumamente minuciosa, con duraciones infinitas y algunas veces con
pruebas bastante llamativas. Sin embargo, a fuerza de hablar de la naturaleza,
de encontrar frente a él esta referencia indispensable y soberana, el hombre de
Sade se irrita poco a poco, y su odio se le vuelve pronto tan insoportable, que
lo cubre de anatemas y de negaciones. "Si, amigo mío, aborrezco a la
naturaleza." Esta rebelión posee dos profundos motivos. Por una parte, en
la medida en que él mismo forma parte de la naturaleza, siente que la
naturaleza escapa de su negación y que cuanto más la ultraje y mejor la sirva,
más la destruye y más sufre su yugo. De ahí vienen los gritos de odio y una revuelta
verdaderamente demente.




¡Oh! tú, fuerza ciega e imbécil,
cuando yo haya exterminado sobre la tierra a todas las criaturas que la cubran,
yo estaré bien lejos de mi objetivo, puesto que yo te habré servido, madrastra,
y porque yo no aspiro sino a vengarme de tu idiotez o de la maldad que haces
probar a los hombres, al no proporcionarles jamás los medios de librarse de las
horribles inclinaciones que tú les inspiras.




Existe allí la expresión de un sentimiento primordial y elemental:
ultrajar a la naturaleza es la más profunda exigencia del hombre, esa necesidad
en él es mil veces más fuerte que la de ofender a Dios.




No hay en todo lo que hacemos
sino los ídolos que fabricamos y criaturas ofendidas, pero la naturaleza no lo
es, y es a ella a quien quisiera ultrajar, quisiera estorbar sus planes,
detener su marcha, parar la rueda de los astros, trastornar los globos que
flotan en el espacio, destruir aquello que la sirve, proteger lo que la
perjudica, insultarla, en una palabra, en sus obras y no he podido lograrlo.




Y aun en este pasaje Sade se da la facilidad de
confundir la naturaleza con sus grandes leyes, lo que le permite soñar con un
cataclismo que podría destruirlas, pero su lógica rechaza ese compromiso y
cuando, por otra parte, imagina un mecánico inventando una máquina para
pulverizar el universo, debe hacer esta confesión: nadie habrá merecido más de
la naturaleza que el autor. Sade siente perfectamente que aniquilar todas las
cosas no es aniquilar el mundo, pues el mundo no es sólo una afirmación
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
universal, sino una universal destrucción, de manera que la totalidad del ser y
la totalidad de la nada lo representan de la misma manera. En ello la lucha
contra la naturaleza encarna en la historia del hombre una etapa dialéctica muy
superior a la lucha contra Dios. Podemos decir, sin modernizar su pensamiento,
que Sade es uno de los primeros en haber reconocido en la idea de mundo los
rasgos propios de la trascendencia, puesto que la idea de nada, al formar parte
del mundo, no podemos pensarla sino desde el interior de un todo que es siempre
el mundo.

Si el crimen es el espíritu de la naturaleza, no hay
crimen contra natura y en consecuencia, no hay crimen posible. Sade lo afirma a
veces con la mayor satisfacción, a veces con la rabia más viva. Es que negar la
posibilidad del crimen le permite negar la moral, Dios y todos lo valores
humanos, pero negar el crimen es también renunciar al espíritu de negación,
admitir que éste podría suprimirse a sí mismo. Conclusión contra la cual se
levanta con energía y que lo conduce poco a poco a retirarle toda su realidad a
la naturaleza. En los últimos volúmenes de la Nouvelle Justine (particularmente en los volúmenes VIII y IX),
Juliette denuncia todas sus precedentes concepciones y se corrige en los
siguientes términos: "Qué imbécil era yo antes de separarnos, yo creía aún
en la Naturaleza, y los nuevos sistemas adoptados por mí desde ese tiempo, me
apartan de ella..." La naturaleza, dice, no tiene más de verdad, de
realidad o de sentido que Dios mismo: "¡Ah puta! Posiblemente me engañas
como lo fui antes por la infame quimera de Dios al cual te decían sometida; no
dependemos más de ti que de él; las causas son posiblemente inútiles para los
efectos..." Así desaparece la naturaleza, aunque el filósofo haya puesto en
ella todas sus complacencias y que le haya sido muy agradable hacer de la vida
universal una formidable máquina de muerte. Pero la simple nada no es su
objetivo. Lo que ha perseguido es la soberanía a través del espíritu de negación
llevado a su punto extremo. Esta negación, poco a poco, la ha llevado a los
hombres, a Dios, a la naturaleza para comprobarla. Hombres, Dios, naturaleza,
cada una de esas nociones en el momento en que la negación la atraviesa, parece
recibir un cierto valor, pero si tomamos la experiencia en su conjunto, esos
momentos no tienen la menor realidad, pues lo propio de la experiencia consiste
exactamente en arruinarlos, en anular los unos por los otros. ¿Qué son los
hombres si no son nada enfrente de Dios? ¿Qué es la naturaleza obligada a
desaparecer enfrente del hombre que lleva en sí la necesidad de ultrajarla? Y
es así como se cierra el círculo. Habiendo partido del hombre, henos aquí
vueltos al hombre. Sólo que éste lleva ahora un nuevo hombre: se llama el Único,
el hombre único en su género.

Sade, habiendo descubierto que en el hombre la
negación era poder, ha pretendido fundar el porvenir del hombre sobre la
negación llevada hasta su extremo. Para llegar a ello ha imaginado, tomándolo
del vocabulario de su tiempo, un principio que por su ambigüedad, representa
una decisión muy ingeniosa. Este principio es la energía. La energía es, en
efecto, una noción muy equívoca. Es a la vez reserva y gasto de fuerza,
afirmación, que no se realiza sino a través de la negación, fuerza que es destrucción.
Además, es hecho y ley, dato y valor. Es asombroso que, en este universo de la
efervescencia y de la pasión, Sade, lejos de poner en el primer plano el deseo,
lo haya subordinado y juzgado sospechoso. Es que el deseo niega la soledad y
conduce a un peligroso reconocimiento del mundo ajeno. Pero, cuando Saint-Fond
declara: "Mis pasiones, concentradas sobre un punto único, se parecen a
los rayos del astro reunidos por un vidrio ardiente: queman inmediatamente el
objeto que se encuentra sobre el hogar", vemos claramente cómo la
destrucción puede parecer sinónimo de poder, sin que el objeto destruido saque
de esta operación el mínimo valor. Otra ventaja de este principio: asigna al
hombre un porvenir, sin imponerle el reconocimiento de ninguna noción ideal. He
aquí uno de los mayores méritos de Sade. Pretende poner en tierra la moral del
bien pero, a pesar de algunas afirmaciones provocadoras, tuvo gran cuidado de
no remplazarlo por un Evangelio del mal. Cuando escribe: "Todo es bueno
cuando es excesivo", podemos reprocharle la incertidumbre de su principio,
pero no podemos reprocharle el querer fundar la soberanía del hombre sobre la
soberanía de nociones que le serían superiores. Ninguna conducta sale
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
privilegiada de esto: podemos escoger hacer lo que sea; lo que importa es que
al hacerlo seamos capaces de hacer coincidir la mayor destrucción con la mayor
afirmación. Prácticamente, en las novelas de Sade, es de esa manera como
suceden las cosas. No es de acuerdo con la mayor o menor virtud o vicio como
los seres son desgraciados o felices, sino de acuerdo con la energía de la cual
dan prueba; pues, como él escribe, "la felicidad depende de la energía de
principios, no podría existir para quien flota incesantemente". Juliette,
a quien Saint-Fond propone un plan para devastar por hambre las dos terceras
partes de Francia, duda y se enfurece: inmediatamente, es amenazada. ¿Por qué?
Porque ella ha dado pruebas de debilidad, el tono de su alma ha bajado, y la
energía mayor de Saint-Fond se prepara a convertirla en su presa. Esto es aún
más claro en el caso de la Durand, que es, una envenenadora incapaz de la
virtud; su corrupción es completa. Pero un día el gobierno de Venecia le pide
esparcir la peste. Este proyecto la aterroriza, no a causa de su carácter inmoral,
sino porque teme los peligros que ella misma podría correr. Inmediatamente, es
condenada. La energía le ha fallado, ha encontrado su amo, y su amo es la
muerte. En una vida peligrosa, dice Sade, lo importante es nunca "carecer
de la fuerza necesaria para franquear los últimos límites". Podemos decir
que este mundo extraño no está compuesto por individuos, sino por sistemas de
fuerzas en tensión más o menos elevada. Allí donde se produce una baja de
tensión, la catástrofe se vuelve inevitable. Además, no hay por qué hacer
diferencia entre la energía de la naturaleza y la del hombre: la lujuria es una
de especie de rayo, como el rayo es la lubricidad de la naturaleza; el débil será
víctima del uno y de la otra y el fuerte saldrá triunfante. Justine es fulminada,
Juliette no lo es: ningún arreglo providencial en este desenlace. La debilidad
de Justine llama al rayo que arroja sobre ella la energía de Juliette.
Igualmente todo lo que le sucede a Justine la vuelve desgraciada, porque todo lo
que la afecta la disminuye; de ella nos dice que sus inclinaciones eran virtuosos pero bajas y esto debe
entenderse en sentido literal. Al contrario, todo lo que alcanza a Juliette le
revela su poder, y ella lo aprovecha, para acrecentarse a sí misma. Por ello, morirá
y su muerte, haciéndola sentir la destrucción total como el gasto total de su
inmensa energía, la, hará llegar a los límites del poder y de la exaltación.

Sade ha comprendido perfectamente que la soberanía del
hombre enérgico, tal y como éste la conquista identificándose con el espíritu
de negación, es un estado paradójico. El hombre integral, que se afirma
completamente, es insensible. Ha comenzado por destruirse él mismo, en tanto
que hombre, después en tanto que Dios, después en tanto que naturaleza, y así
se ha convertido en el único. Ahora todo lo puede, pues la negación en él ha
acabado con todo. Para dar cuenta de su formación, Sade recurre a una concepción
muy coherente a la cual da el nombre clásico de apatía. La apatía es el espíritu
de negación aplicado al hombre que ha decidido ser soberano. Es, de alguna
manera, la causa o el principio de la energía. Sade, aparentemente, razona más
o menos de esta manera: el individuo actual representa una cierta cantidad de
fuerza; la mayor parte del tiempo dispersa sus fuerzas alienándolas en
beneficio de los simulacros que se llaman los otros, Dios, el ideal; por esta dispersión,
comete el error de agotar sus posibilidades desperdiciándolas, pero aún más de
fundar su conducta sobre la debilidad, pues si se gasta por los demás, es
porque cree en la necesidad de apoyarse sobre ellos. Desfallecimiento fatal: se
debilita gastando sus fuerzas vanamente y él gasta sus fuerzas porque se cree débil.
Pero el hombre verdadero sabe que está solo y lo acepta; todo lo que en él,
herencia de 17 siglos de cobardía, se relaciona con otros, lo niega; por
ejemplo, la piedad, la gratitud, el amor, son sentimientos que él se propone
destruir; al destruirlos, recupera toda la fuerza que le hubiera sido necesario
consagrar a esos impulsos debilitantes y, lo que es más importante, saca de ese
trabajo de destrucción el comienzo de una verdadera energía.

Es necesario entender, en efecto, que la apatía no
consiste sólo en arruinar las pasiones "parasitarias", sino también
en oponerse a la espontaneidad de cualquier pasión. El vicioso que se abandona
inmediatamente a su vicio, no es sino un aborto que se perderá. Incluso los
pervertidos con genio, perfectamente dotados para llegar a ser monstruos, si se
contentan con seguir sus inclinaciones, están destinados a la catástrofe. Sade lo
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
exige: para que la pasión se convierta en energía, es necesario que esté
comprimida, es necesario que se mediatice pasando por un momento necesario de
insensibilidad; entonces, tendrá la mayor grandeza posible. En los primeros
tiempos de su carrera, Juliette no cesa de oírse reprochar por Clairwill: ella
no comete el crimen sino en el entusiasmo, no alumbra la antorcha del crimen
sino con la antorcha de las pasiones, pone la lujuria, la efervescencia del
placer encima de todo. Facilidades peligrosas. El crimen es más importante que
la lujuria; el crimen de sangre fría es más grande que el crimen ejecutado en
el ardor de los sentimientos; pero el crimen "cometido con el
endurecimiento de la parte sensitiva", crimen sombrío y secreto, importa
más que todo, porque es el acto de un alma que, habiendo destruido todo en
ella, ha acumulado una inmensa fuerza, la cual será identificada con el
movimiento total de destrucción que prepara. Todos esos grandes libertinos, que
no viven sino para el placer, no son grandes sino porque han aniquilado en
ellos toda capacidad de placer. Por ello llegan a espantosas anomalías, pues la
mediocridad de las voluptuosidades les bastaría. Pero se han vuelto
insensibles: pretenden gozar de su insensibilidad, de esa insensibilidad negada
y se vuelven feroces. La crueldad no es sino la negación de sí mismo, llevada
tan lejos que se transforma en una explosión destructora; la insensibilidad se
vuelve estremecimiento de todo el ser, dice Sade; "el alma pasa a una
especie de apatía, que pronto se metamorfosea en placeres mil veces más divinos
que aquellos que le procurarían sus debilidades".

Comprendemos que en este mundo los principios
desempeñan un gran papel. El libertino es "pensativo, concentrado en sí
mismo, incapaz de conmoverse por cualquier cosa que pueda suceder". Es
solitario, no soporta el ruido ni la risa; nada debe distraerlo; "la
apatía, la tranquilidad, el estoicismo, la soledad de sí mismo, he aquí el tono
en que le es necesario preparar su alma". Semejante transformación,
semejante destrucción de sí mismo no se realiza sin extremas dificultades. Juliette es una especie de Bildunsgrosman, un
libro de aprendizaje
donde aprendemos a reconocer la lenta formación de un alma enérgica. En apariencia,
Juliette es, desde el principio, enteramente depravada. Pero, en realidad, no
tiene aún sino ciertas inclinaciones y su cabeza está intacta; le queda por
realizar un esfuerzo gigantesco pues, como lo dice Balzac, no está destruido lo que desea. Sade señala que hay en
ese trabajo
de la apatía momentos muy peligrosos. Sucede por ejemplo, que la insensibilidad
coloca al libertino en tal estado de aniquilamiento que puede en ese instante
regresar a la moral: se cree endurecido, no es sino debilidad, presa
perfectamente preparada para todos los remordimientos; ahora bien, un solo
movimiento de virtud, al revalorar el Universo del hombre y de Dios, basta para
arruinar todo su poder; por muy alto que esté, se derrumba, y generalmente,
esta caída es su muerte. Por el contrario, si en ese estado de aniquilamiento
en el cual no siente hacia los peores excesos sino una repugnancia sin gusto,
encuentra un último excedente de fuerza para aumentar esta insensibilidad
inventando nuevos excesos que le repugnan aún más, entonces pasará del
aniquilamiento a la omnipotencia, del endurecimiento a la voluntad más extrema
y "agitado por todas partes", gozará soberanamente de sí mismo más
allá de todos los límites.




Uno de los aspectos sorprendentes de Sade y de su
destino es que, aunque el escándalo no tenga mejor símbolo que él, todo lo que
hay de audacia escandalosa en su pensamiento haya permanecido desconocido tanto
tiempo. No es necesario sacar la cuenta de los temas que ha descubierto y que
los espíritus más osados de los siglos por venir van a poner toda su audacia en
reafirmar: los hemos reconocido en el tránsito y aun nos hemos limitado a
volver a encontrar el movimiento de este pensamiento, al considerar en él
únicamente los puntos esenciales. Hubiéramos podido igualmente disertar sobre
su concepción del sueño, donde ve el trabajo del espíritu convertido en
instinto y escapando de la moral del día, en la cual se dan reflexiones por las
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
que se adelanta a Freud, como por ejemplo ésta: "Es en el seno de la madre
donde se fabrican los órganos que deben volvernos susceptibles de tal o cual
fantasía; los primeros objetos presentados, los primeros discursos escuchados
acaban por determinar el impulso: por mucho que haga la educación, no cambiará
nada." Existe en Sade un moralista de pura tradición y sería fácil reunir
una colección de máximas, frente a las cuales las de La Rochefoucauld parecerán
débiles e inciertas. Se le reprocha el escribir mal y, en efecto, escribe a
menudo con apresuramiento y con una prolijidad que cansa, pero es también capaz
de un humor extraño, su estilo alcanza una jovialidad helada, una especie de fría
inocencia en los excesos, que podemos preferir a toda la ironía de Voltaire y
que no encontramos en ningún otro escritor francés. Todos esos méritos son
excepcionales, pero han sido en vano: hasta el día en que Apollinaire, Maurice
Heine o Andre Breton, con su sentido para adivinar las potencias escondidas de
la historia, nos han abierto el camino hacia él, e incluso después, hasta los últimos
estudios de Georges Bataille, de Jean Paulhan y de P. Klossowski, Sade, señor
de los grandes temas del pensamiento y de la sensibilidad modernas, continúa
brillando como un nombre vacío. ¿Por qué? Es que este pensamiento es obra de
una locura y ha tenido por molde una depravación ante la cual el mundo ha
retrocedido. Además, se presenta como la teoría de esa inclinación, es su calca
y pretende trasponer en una visión completa del mundo la anomalía más
repugnante. Por primera vez, la filosofía está concebida en pleno día como el
producto de una enfermedad[4]
y ha afirmado descaradamente como pensamiento lógico universal un sistema cuya
sola caución es la preferencia de un individuo aberrante.

Es este otro de los rasgos fuertes de Sade. Podemos
decir que ha realizado su propia explicación escribiendo un texto en el cual
consigna todo lo que se relaciona a lo que lo obsesiona y en el cual busca
cierta coherencia, y cuál es la lógica de sus observaciones obsesivas. Pero,
por otra parte, es el primero que ha probado orgullosamente que de cierta
manera personal e incluso monstruosa de conducirse podía extraerse, con pleno
derecho, una visión del mundo bastante significativa para que grandes
espíritus, exclusivamente preocupados en buscar el sentido de la condición
humana, no hayan hecho otra cosa que reafirmar las principales perspectivas y
apoyar su validez. Sade tuvo la audacia de afirmar que al aceptar
intrépidamente los gustos singulares que tenía y al tomarlos como punto de
partida y principio de toda razón, daba a la filosofía el fundamento más sólido
que hubiese podido encontrar y se ponía en posición de interpretar de una
manera profunda la especie humana en su conjunto. Semejante pretensión ya no
está hecha seguramente para espantarnos, pero reconozcámoslo, empezamos sólo
ahora a tomarla en serio, y durante mucho tiempo bastó para alejar del
pensamiento de Sade incluso a aquellos que se interesaban en Sade.

¿Qué fue él, en principio? Una excepción monstruosa,
completamente fuera de la humanidad. "La singularidad de Sade, decía
Nodier, está en haber cometido un delito tan monstruoso que no se le podía
caracterizar sin peligro." (Lo cual ha sido de una cierta manera, en
efecto, una de las ambiciones de Sade: ser inocente a fuerza de culpabilidad;
romper para siempre, por sus excesos, la norma, la ley que hubiera podido
juzgarlo.) Otro contemporáneo, Pitou, escribe también de una manera espantosa:
"La justicia lo había relegado a un rincón de la prisión, dándoles a todos
los detenidos el permiso de deshacerse de ese fardo." Cuando, en seguida,
reconocemos en él una anomalía propia de algunos, nos hemos apresurado a
encerrarlo en esa aberración innombrable a la cual no podía convenir sino ese
nombre único. Incluso más tarde, cuando de esta anomalía de Sade se ha hecho un
mérito, cuando se ha visto en él un hombre lo bastante libre para haber
inventado un saber nuevo y, de todas maneras, un hombre excepcional tanto por
su destino como por sus preocupaciones, cuando finalmente hemos visto en el
sadismo una posibilidad que concierne a toda la humanidad, continuamos descuidando
el pensamiento propio de Sade, como si estuviéramos más seguros de que había
mayor originalidad y autenticidad en el sadismo, que en la manera en la cual el
mismo Sade hubiera podido interpretarlo. Ahora bien, si miramos eso con mayor
atención, encontramos que este pensamiento es esencial y que en medio de las
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37
contradicciones entre las cuales se mueve, nos aporta, sobre el problema que
ilustra el nombre de Sade, unas visiones más significativas que todas aquellas
que la reflexión más ejercitada y mejor esclarecida nos hubiera permitido
concebir hasta ahora. No digamos que este pensamiento sea viable. Pero nos
muestra que entre el hombre normal que encierra al hombre sádico en un callejón
sin salida y el sádico que hace de este atolladero una salida, es éste el que
sabe más sobre la verdad y la lógica de su situación y el que tiene la
inteligencia más profunda de ello, al punto de poder ayudar a que el hombre
normal se comprenda a sí mismo, ayudándole a modificar las condiciones de
cualquier comprehensión.
























[1] Sade, Les
infortunes de la vertu, Introducción de Jean Paulhan.






[2] Pierre Klossowski, Sade, mm prochain.




[3] Sade, Dialogue entre un prêtre et un moribond,
con un prólogo de Maurice Heine.




[4] Sade no siente ningún pesar para reconocerlo:
"El hombre, dotado de gustos singulares, es un enfermo."
:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37

:: O Estrangeiro ::
http://www.oestrangeiro.net Powered by Joomla! Gerado em: 2 December, 2006, 18:37